Olha pra você, colocando em prova que, quem corre atrás é porque sente falta. Olha pra mim, pondo em prova que parar de correr atrás sempre funcionou. Mas você veio, do seu jeito mais sem jeito, porém veio. E eu me lembrei de tanta coisa enquanto estávamos ali, sentados, sem conversar nada, sem verbalizar nenhuma palavra, mas algo dentro de nós gritava, e isso me fez sentir único, independente de todos os maus momentos que ocorrerá há tempos, eu estava me sentindo tão seu. Me senti o dono de tudo, inclusive desse amor que é tão nosso. Lembro que a gente conversou pouco, quase nada, mas foi uma das conversas mais longas que tivemos, sem palavras e completa de olhares, sem perguntas e com todas as respostas necessárias. Lembro e até agora sinto seu cheiro, que a muito tempo não sentira, e ele ainda está impregnado no ar dos meus pulmões e com uma alegria imensa, faço questão de sentir. Eu ouvi sua respiração cansada, como se tivesse passado o dia trabalhando e ela me falava muito, não era um simples cansaço, e sim um cansaço de dependência, de necessidade sabe. A gente tentou contar algo engraçado, mas acabou que nenhum dos dois riram muito, até tentaram, mas o melhor era ouvir aquele silêncio. Eu só queria esquecer o que passou e dar o primeiro passo independentemente que fosse mais uma de nossas tentativas. Eu queria recomeçar outra vez, e você quis. Me lembrei o quanto te amei, e quanta falta fez a distância. Talvez isso tenha ajudado, mas só Deus sabe o que sua falta me causou. Lembro também que a gente não disse que se amava, mas eu olhei o céu e o frio me fez te dar um abraço bem desconfiado, bem tímido, mas com uma sinceridade tão profunda. Eu te amei tanto naquele momento que o passado se tornou inexistente e o presente agora era verdadeiro e sincero. Como foi bom sentir teu sorriso misturado com o perfume dos seus cabelos ao vento, naquela conversa de "eu te amos" calados, mudos e gritantes, algo se tornou concreto. O silêncio me trouxe conforto. Respostas. Certezas. É, certezas.
"O silêncio é uma confissão."
Camilo Castelo Branco
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