quinta-feira, 31 de janeiro de 2013
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A subida.
Era quase meio dia, o sol estava mas que quente, ele ardia lentamente a minha pele. E continuei, subindo as pedras sem estiar. Subia, subia, as vezes escorregões pareciam me avisar para não continuar a subida, ou melhor, várias coisas me pareciam avisar, aquela coisa que bate no seu peito e te faz estremecer os ossos e arrepiar os cabelos incessantemente. Algo me dizia que não. Mas, eu em minha plena consciência, e na minha plenitude, queria subir. As pedras estavam quentes, prontas para fritar um ovo, meus chinelos, escorregavam suados, mas eu me segurava. Certos pontos eu parava para descansar, em sombras que cada vez mais eram raras. Sentei-me e aquele sentimento ainda estava comigo, mas eu já estava longe e alto. Tinha um pouco de água em uma garrafa, o que me ajudou bastante, estava próximo do destino final, não podia voltar. E meu orgulho? Eu não ia voltar e dar o braço a torcer de jeito nenhum, eu não ia perder por medo.
E naquela sombra, no calor do meio dia, exausto, adormeci...
Me acordei, confuso, não sabia onde estava, ou melhor não me lembrava. Mas estava com as energias carregadas. E sem estiar, comecei a subir novamente. Estava forte, ainda tinha água na garrafa, o sol já estava menos forte, agora dava pra caminhar sem suar tanto os pés. Tudo agora, estava conspirando a favor, então segui. E do ponto onde estava podia ver a minha recompensa, o lugar onde eu queria estar. Agora, era o ponto mais difícil e perigoso de todo o percurso, tinha que ter bastante cuidado, pois qualquer pisada em falso era fatal. Dei o primeiro passo, de onde estava, dava pra ver toda a altura que eu já tinha subido, e para cair dela, só bastava um pequeno descuido. Primeiro passo, segundo passo, terceiro passo... No quinto passo, senti meu pé deslizar levemente, pensei em fazer algo, me segurar em algo, mas não tinha, era eu, o caminho de pedra, meu cuidado e o abismo. E como o algo que eu não sábia o quê, estava me avisando para não subir, meu pé deslizou e meu corpo foi entregue ao abismo. Lindo, porém perigoso, e meu corpo caía, não pude gritar, não pude fazer nada, mas deixei meu corpo ser levado. Fechei os olhos e esperei o meu corpo encontrar as pedras e me esbagaçar em mil pedaços.
Em um súbito pulei, me acordei, no meio da subida, naquela sombra que parara pra descansar. A respiração falhada, confuso, em vez de descansado o pesadelo só me trouxe, mas dores. Me levantei e fiquei ali, em pé, na quela grande pedra, de onde eu avistava meu ponto de destino. E fiquei de pé. Tinha duas opções, seguir e ver se tudo não passava de um pesadelo, ou voltar e seguir algo que me avisara desde o começo da caminhada. Foi então que eu cai na real, foi então que eu percebi, e isso estremeceu meu corpo todo, comecei a chorar desesperadamente, soluçava incessantemente. Como eu não tina parado pra pensar nisso antes?
Não era algo, que tentava me avisar. Não era algo. Era Deus.
"Deus me levanta para alcançar montanhas
Deus me levanta para andar sobre o mar
Eu sou forte quando estou sobre teus ombros
Deus me levanta mais do que possa alcançar".
Marcelo Domingues
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