Medo. Medo digo eu, mas não tenho medo. Estou vivendo completamente sozinho de tudo que me afasta do que faz bem, faço questão de me afastar. Estou nesse mudo para sofrer, me jogaram, cortaram meu cordão umbilical, aqui estou, preso em fios de telefone, coberto por poeira de metrópole. Minhas sandálias já não sabem o que é a força de um calcanhar, a terra por onde pisei, há tempos viu meu rastro, me recuei dentro de meu mundo, as vezes abro um pouco de espaço nas cortinas que existem em mim, as vezes quebro essa parede que me separa do mundo, mas é questão de tempo, a crueldade do mundo me causa medo. Construo a parede de novo. Ah, e esse escuro aqui dentro de mim, eu sou feliz na minha tristeza, minha tristeza me faz feliz, isso existe? Existe felicidade na tristeza? Eu consigo encontrar felicidade no meu escuro, meu medo me faz acreditar nisso, eu acredito que meus olhos tem um pouco de luz, e de lá onde eu vejo um futuro. Não arrisco, mas vejo. Quem me garante que pode ser melhor lá fora? PARA! NÃO TENTE ME CONVENCER! Ah, eu estou bem agora, não preciso de seus argumentos sobre aquilo que é desconhecido para mim, quem me garante que você não quer ver meu mal, eu deixei de desacreditar nas pessoas faz tempo, as pessoas são frias, elas carregam maldade no coração, eu vejo, eu vejo, eu sinto. NÃO TENTE! Eu posso tentar? Já sei, vou te mostrar um pouco do meu mundo, venha, esse escuro é só questão de tempo para se acostumar, depois ele vai ser sua morada. Venha, não tenha medo, com o passar do tempo essas paredes sólidas e frias vão te proteger de todo o calor, e o fogo que as pessoas carregam em seus corações vão nos aquecer, não tenha medo, não temos nada a perder, esse é o preço por nos colocarem nesse mundo. Aqui não tem pessoas frias, calculistas, aqui tem solidão, mas acredite, é solidão que faz bem, é individualismo. Venha, sinta a magia do escuro te tomar, é bom, esse frio é bom, esses calafrios, esse medo é normal, você está entrando no meu mundo, é tudo tão novo, logo logo, será sua casa. NÃÃÃÃO, esquece, prefiro viver só, vá embora. Quase me perdi, quase que te convenço, eu quero é viver só. Oh, como quase estrago tudo, isso está me matando, por um único minuto quase me convenci que ainda tenho chance de vencer esse escuro e viver com uma companhia. Ah, alívio. As cortinas se fecham. O escuro reina. Novamente.
Não sabemos a importância da luz, quando estamos no escuro.
Matheus Milor
1 comentários:
Muito bom mesmo.
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