quinta-feira, 2 de maio de 2013

O que (eu) sou.



Não, eu nunca fui um garoto normal, e nunca me vi como um garoto sério. Eu me vejo como um garoto que vai para uma festa social, e fica olhando as luzes e as pessoas completamente bebas e eu com um terno sem gravata e uma camisa por dentro cheia de bolas coloridas. Na aula de química, eu via a professora misturando substâncias e pegando fogo ao tentar fazer um antidoto que podia deixa-la invisível, ta vendo, eu nunca fui normal. Eu sou só mais um que vive internado em seu próprio quarto escuro, que acorda completamente sozinho, mesmo cercado pelos melhores amigos que poderia ter. Eu sempre quis mudar o mundo, eu nunca fui a favor de guerras, mas poderia enfrentar um milhão delas só para defender meus ideais. Eu crio valores meus, e defendo até a morte. Eu não visto meias porque por fora existe um tênis e ainda brigo com a sociedade para me explicar a razão disso. Eu grito e depois fico com medo do som que ecoa na minha mente e passa pelos tubos do meu ouvido. Eu choro, e depois dou uma risada tentando secar as lágrimas. Eu dou um pulo e em seguida reclamo de uma dor na perna. Meu relógio é três horas adiantadas. A madrugada é meu sol, o sol é minha lua. Um eu te amo é verdadeiro, e se não for eu respondo com um foda-se, odeio palavrões, mas se pisarem no meu calo, mando ir para a merda. Ainda darei um nó em um pingo d'água, e construirei uma nova arca. E tem gente que tem a ousadia de dizer que sou normal, eu que não me entendo, não teria coragem de propor o desafio a alguém para me entender. Se eu fosse um cara normal, eu mesmo não ia gostar de mim, a normalidade é tão chata, ser louco é meu jeito de ser, não ser normal é meu pulsar, ser louco é meu coração, e no final é isso que eu sou: um coração que bate. 



"Não quero ter a terrível limitação de quem vive apenas do que é possível de fazer sentido. Eu não: quero uma verdade inventada. "
Clarice Lispector

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